O termo Arte Naïf foi pela primeira vez utilizado,
no virar do século XIX, para identificar a obra de Henri Rousseau. Pintor
autodidata, Henri
não possuía educação geral, nem tampouco conhecimento em arte ou pintura. Ao
levar a público, sua primeira obra denominada "Um dia de carnaval",
no Salão dos Independentes, o artista foi severamente criticado por ignorar
princípios básicos de geometria e perspectiva. A obra retratava paisagens
selvagens mescladas a um emaranhado de tramas, as quais remetem a sonhos e
sentimentos do artista. Mas seu reconhecimento só se fez valer no século XX,
após ser admirado por Pablo Picasso, Guillaume Apollinaire, Robert Delaunay e
Alfred Jarry, além de renomados intelectuais. Relatos comprovam que sua obra
foi reconhecida na França (Paris) e através de sua obra, a Arte Naif
influenciou e embasou a corrente estética do Surrealismo de Salvador Dali, no
ano de 1972.
Obras de Henri Rosseau
Com esta génese, a Arte Naïf começou a afirmar-se
como uma corrente que aborda os contextos artísticos de modo espontâneo e com
plena liberdade estética e de expressão e os seus seguidores definem-na hoje
como “a arte livre de convenções”.
A Arte Naïf é concebida e produzida por artistas
sem preparação académica específica e sem a “obrigação” de terem de utilizar
técnicas elaboradas e abordagens temáticas e cromáticas convencionais nos
trabalhos que executam. Isto não significa que não estudem e aperfeiçoem de
modo autodidático e experimental o desenvolvimento das suas obras, e não
implica que a exigência de qualidade das mesmas seja inferior. A capacidade
artística é um dom inato no ser humano e não existem técnicas, regras ou dogmas
que, quando ele realmente está presente, lhe possam atrofiar qualidade e
retirar valor.
A Arte Naïf não se enquadra também na designação de
Arte Popular, diferindo dela na medida em que se trata de um trabalho de
criação individual que apresenta peças artísticas únicas e originais.
Caracteriza-se em termos gerais por uma aparente
simplicidade e pela liberdade que o autor tem para relacionar ou desagregar, a
seu belo prazer, determinados elementos considerados formais; a inexistência de
perspectiva, a desregulação da composição, a irrealidade dos fatos ou a
aplicação de paletas de cores chocantes. A Arte Naïf exprime ainda, de um modo
geral, alegria, felicidade, espontaneidade e imaginários complexos, resultando,
às vezes, todo este conjunto numa beleza aparentemente desequilibrada mas
sempre muito sugestiva.
Alguns críticos afirmam que, contrastando com os
“académicos”, que pintam com o cérebro, os “ingénuos” pintam só com a alma.
Esta parece ser a verdadeira essência do Naïf, claramente o estilo de quem já
nasce com o dom de ser artista…
Fontes:
http://allartsgallery.com/pt-PT/naif